quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Histórias dos Bairros

Você já teve ou tem vontade de saber o significado do nome do seu bairro?
Andei pesquisando por aí e achei muito coisa interessante. Uma delas é que a maioria dos nomes derivam de palavras indígenas, o que significa que em quase todos os municípios do Estado, ou todos, haviam índios.
Lí outro dia que os portugueses mataram de uma só vez cerca de 10 mil índios lá "pras bandas" da região dos lagos . Depois transcrevo essa matéria aqui, senão acabo me confundindo. Tinha era índio por aqui naquela época, mas ainda não estou aqui para falar do índios e, sim do significado dos nomes de alguns bairros.
Vamos começar então:

Origem dos nomes de alguns bairros do Rio

Ipanema: significa “águas perigosas” em tupi.

Grajaú: foi dado em homenagem a cidade de Grajaú, terra natal do engenheiro que projetou o bairro, no interior do Maranhão. Várias ruas do bairro tem nome de cidades e rios maranhenses.

Leblon: O nome teve sua origem numa chácara pertencente ao francês Charles Le Bron que existia no local em meados do Século XIX.

Leme: O bairro deve seu nome à Pedra do Leme contornada pelas praias da Urca e Botafogo e cujo formato, visto de cima, se assemelha ao do leme de um navio.

Copacabana: vem da língua quechua, da Bolívia, e significa, segundo o “Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro”, lugar luminoso ou praia azul… Originalmente , o nome do bairro era Sacopenapã. (Será que por ter o nome traduzido de lugar luminoso é que decidiram fazer a queima de fogos lá?)

Maracanã: O nome Maracanã vem do tupi maraka’nã, que significa papagaio. Provavelmente o rio homônimo recebeu este nome por ter suas cercanias habitadas por uma ou mais espécies destes psitacídeos.

Ilha do Governador: Terra natal de Araribóia, era habitada pelos índios Temiminós, que a abandonaram em conseqüência dos ataques de inimigos Tamoios e traficantes franceses de pau-brasil, os quais foram definitivamente expulsos em 1567, pelos portugueses. Doada a 5 de setembro desse ano por Mem de Sá a seu sobrinho Salvador Correia de Sá (o Velho), futuro governador (dái o nome do bairro) da capitania.

Tijuca: é nome de origem indígena (tupi) e significa brejal, charco, lamaçal, pântano.

Vila Isabel: O bairro foi batizado em homenagem à Princesa Isabel.

Gávea: O bairro deve seu nome à vista privilegiada da Pedra da Gávea (embora esta se localize em São Conrado, outro bairro), que por sua vez foi assim batizada por ter em seu topo uma formação rochosa semelhante à gávea dos navios.

Rio Comprido: é um bairro da Zona Norte da cidade. Seu nome decorre do rio central que o percorre, hoje canalizado e completamente degradado, que desagua na baía da Guanabara.

Realengo: na época dos bondes uma linha tinha como terminal o “Real Engenho” que abreviado ficava Real Engº, daí para Realengo foi um pulo.

Urca: vem de Urbanização Carioca.

Niterói: Porto sinuoso ou água que se esconde, águas escondidas.

Guapimirim: teve origem de um acampamento de índios. Aguapeí-mirim: quer dizer Nascente Pequena em tupi guarani. A partir dessa nascente se formava o Rio Guapimirim.

Piabetá: *Corruptela* de Piatá, que significa a base firme, o alicerce sólido. Usado como adjetivo, expressa ainda, firmeza, força ou vigor. Nos textos antigos aparecem Piatá, Piabatá e Piabetá.

Imbariê: Nome deriva do Tupi “água-suja” devido a péssima qualidade da água encontrada no local.

Vila Inhomirim: Campinho ou campo pequeno.

E por aí vai.

São muitos bairros e muitas curiosidades.

Antes que me esqueça:

Corruptela: é a deformação de palavras, originada pela má compreensão/ audição e posterior reprodução, ou ainda de forma proposital, como forma de eufemismo para uma expressão considerada inapropriada ou de baixo calão.

Espero que a leitura tenha sido interessante.

Valeu pelo carinho.

sábado, 19 de setembro de 2009

Histórias e Paisagens do Rio

Sou apaixonado pelo Rio de Janeiro, não me refiro apenas ao município do Rio, e sim, todo o estado. A história do Brasil começou pela Bahia, mas teve o Rio como personagem principal.
Resolvi então compartilhar aqui o que li e aprendi sobre nosso estado, dono de terras lindas e cheias de curiosidades.
A Familia Real escapando do domínio de Napoleão na Europa veio se refugiar com sua comitiva de aproximadamente 10 mil pessoas no Rio de Janeiro, instalando assim a sede da monarquia portuguesa em sua colônia americana.
Essa "escapada" se deu de forma confusa, já que D. João se decidiu em cima da hora e havia todo um aparato burocrático a ser transportado: ministros, conselheiros, funcionários do Tesouro, militares de várias patentes, criados, assessores e pessoas ligadas à corte portuguesa. Muitos baús com roupas, malas e sacos com objetos pessoais, além de engradados seguiam junto com as riquezas da corte. Obras de arte, objetos dos museus, a biblioteca real com mais de 60 mil livros, todo o dinheiro do Tesouro português e as jóias da Corôa iam sendo colocados nos porões dos navios, bem como cavalos, bois, vacas, porcos, galinhas e mais toda a sorte de alimentos. Na manhã do dia 29 de novembro debaixo de muita chuva e frio, a esquadra portuguesa finalmente partiu do porto de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro.
A população de Lisboa assistia atônita a toda essa movimentação. Não podia acreditar que estivesse sendo abandonada pelo príncipe-regente e demais autoridades, levando tudo o que estivesse à mão, deixando-a totalmente desamparada para enfrentar o Exército de Napoleão. Lisboa estava um caos. O militar francês, Jean-Andoche Junot e sua tropa, apesar de bastante desfalcada, não tiveram problema para dominar a cidade, cuja população estava atordoada com o que consideravam uma "fuga vergonhosa".
A viagem foi difícil. Com os navios superlotados não havia espaço para todos se acomodarem. Muitos viajaram com a roupa do corpo, pois nem tudo pôde ser embarcado, já que a capacidade dos navios há muito havia sido superada. A água e os alimentos foram racionados. A higiene era de tal forma precária, que houve um surto de piolho nos navios, obrigando as mulheres a rasparem a cabeça, entre elas a princesa Carlota Joaquina e as demais damas da família real e da Corte.
Quando a esquadra portuguesa estava próxima à ilha da Madeira, uma forte tempestade a dividiu, sendo que metade das embarcações, inclusive a que levava o príncipe-regente, foi parar no litoral da Bahia. Preocupado em evitar maiores problemas, D. João ordenou que todos parassem no porto mais próximo antes de seguir viagem para o Rio de Janeiro. A esquadra portuguesa, com o príncipe-regente, aportou assim, em Salvador, em 22 de janeiro de 1808, após 54 dias de viagem.

A esquadra partiu de Salvador rumo ao Rio de Janeiro, onde chegou no dia 8 de março, desembarcando no cais do Largo do Paço (atual Praça XV de Novembro).

Os membros da Família Real foram alojados em três prédios no centro da cidade, entre eles o paço do vice-rei Marcos de Noronha e Brito, conde dos Arcos, e o convento das Carmelitas. Os demais agregados espalharam-se pela cidade, em residências confiscadas à população assinaladas com as iniciais "P.R." ("Príncipe-Regente"), o que deu origem ao trocadilho "Ponha-se na Rua", ou "Prédio Roubado" como os mais irônicos diziam à época.

A chegada repentina dessa leva ao Rio de Janeiro, na época, com cerca de 50 mil habitantes , criou problemas de todo tipo.

A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e malcheirosa começou a se expandir e cuidar de sua aparência, abrindo-se às modas européias. Para zelar pela segurança e policiamento da cidade, foi criada, ainda em 1808, a Intendência de Polícia (Polícia Civil), encarregada de todos os serviços de melhoria e embelezamento da cidade. Nessa época foram construídos chafarizes para o abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada a iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros; organizadas as festas públicas, etc. Essas melhorias eram realizadas, muitas das vezes, com a contribuição dos ricos moradores, que recebiam em troca benefícios materiais e títulos de nobreza do príncipe regente.

Durante o período de permanência de D. João no Rio de Janeiro, o número de habitantes da capital dobrou, passando dos cerca de 50 mil para algo em torno de 100 mil pessoas. Chegaram europeus das mais diversas nacionalidades, com diferentes objetivos. Além daqueles que vinham "fazer negócio", muitos outros vinham tentando "fazer a vida". Eram espanhóis, franceses, ingleses, alemães e suíços, entre outros, das profissões mais variadas, como: médicos, professores, alfaiates, farmacêuticos, modistas, cozinheiros, confeiteiros, padeiros, joalheiros, livreiros, barbeiros, etc. Formavam um expressivo contingente de mão-de-obra qualificada. Na época o local preferido para a instalação de suas atividades era a Rua do Ouvidor que era a rua mais larga, limpa e melhor pavimentada. Instalavam-se no Rio, também, representantes diplomáticos, pois a cidade se tornara a sede do Governo português.

Estima-se que rapidamente a cidade dobrou de tamanho. O Brasil teve avanços importantes com a vinda da família real. Houve a abertura dos portos à “nações amigas”, a rigor, uma atitude pragmática de legalização do imenso contrabando que havia entre a colônia e a Inglaterra, com a conseqüente arrecadação de impostos. O País deixou de ser vice-reino e passou a ser a sede da monarquia luso-brasileira. O Rio de Janeiro transormou-se em Corte e recebeu em curto período de tempo várias melhorias: Jardim Botânico, Biblioteca, tipografia, seu primeiro jornal, uma companhia de seguros, a fundação do Banco do Brasil, uma fábrica de pólvora e a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (atual Escola de Belas Artes – UFRJ), entre outros.

Quase todos esses monumentos criados naquela época ainda podem ser vistos no centro do Rio, mas a história não pára por aí, aliás a história do Estado do Rio nem começa aí, já que cidades como Magé e Nova Iguaçú, por exemplo, datam de muito antes da vinda da Família Real cá.

Em outro post falo um pouco mais sobre esses e outros bairros do Estado do Rio de Janeiro, assim como o significado de seus nomes. Vamos falar também na importância da chegada da ferrovia ao nosso Estado e sobre o abandono em que se encontram.

Por falar em ferrovia, participo de uma Comissão, que faz parte da AFPF (Associação Fluminense de Preservação Ferroviária) e, que luta pela reativação da 1ª Ferrovia do Brasil que, infelizmente, hoje se encontra abandonada e esquecida pelas nossas autoridades.

Um forte abraço e até breve.