segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MEU QUERIDO FILHO FREDERICO

Escrevo estas poucas linhas que são para saber que estou viva.

Escrevo devagar porque sei que não gosta de ler depressa. Se receber esta
carta, é porque chegou. Se ela não chegar, avisa-me que eu mando outra.

O teu pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorre a 1 km de casa.
Por isso, mudamo-nos pra mais longe.

Sobre o casaco que queria, o teu tio disse que seria muito caro mandar pelo
correio por causa dos botões de ferro que pesam muito. Assim, arranquei os
botões e coloquei-os no bolso. Quando chegar lá, pregue-os de novo.

No outro dia, houve uma explosão no botijão de gás aqui na cozinha.
Teu pai e eu fomos atirados pelo ar e caimos fora de casa. Que emoção!
Foi a primeira vez em muitos anos que o teu pai e eu saimos juntos.

Sobre o nosso cão, o Rexlino, anteontem foi atropelado e tiveram que lhe  cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessar a rua.

Tua irmã Laura vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina.
Portanto, não sei se vai ser tio ou tia.

Hoje, o teu irmão Valclintoneo me deu muito trabalho. Fechou o carro e
deixou as chaves lá dentro. Tive de ir em casa, pegar a reserva para
abrir. Por sorte, cheguei antes de começar a chuva, pois a capota estava arriada.

Se vir a Dona Rosinha, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vir, não digas nada.

Um beijo,
Tua mãe Marcela
PS: Era para te mandar os 300 reais que me pediu, mas quando me lembrei já tinha fechado o envelope.

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